segunda-feira, janeiro 04, 2010

Naufrago

I

Na solidão imensa do mar
Flutuo nos cristais de sal e plactons
Inerte pelas tempestades atlânticas

Navego ao acaso das ondas que me levam para lugar nenhum
O sol na alvorada
Vem me aquecer e iluminar o rota em cabotagem

Sigo a silueta sedutora da América
Entorpecido pelas nuvens e os ventos
Que me pertubam o sexo, o nexo...

Abraçado as cordas luminosas do farol
Que guiar-me-á para terra firme, enfim
Onde as nauseas da insegurança
Curar-se-ão com as curvas profanas de "gaia"

II

É sempre tarde
Ou é sempre cedo na aurora germinante das paixões
As emoções na aspiral do tempo
Brotam como as flores...

Vou roçando esse pelume floral
Com minhas mãos, com meus dedos
O contorno axiomático das entranhas sedentas da terra
Onde sorvo o amplexo caloroso e fecundante

Ainda soluço
A ambiguidade do passado
Como uma cicatriz

E na quimera do devir
Me entrego as evidências sentimentais
Sem medo, além do bem e do mal.