quinta-feira, janeiro 31, 2008

UNDERGROUD

Um cigarro
Um cognac
Em qualquer boteco
Sujo e escuro
Numa noite chuvosa da metroplis
Abraço caloroso e apaixonado da prostituta
Fumegante como um
Vaso de girassol
Me narco-embriago
Em sua concha faminta
Onde sorvo
O principio do fim
E me perco no
Silêncio dos becos
Até a próxima rajada de vento
Sopro sussurrado de tesão
Contido no vil metal.

ENTRE MUNDOS

No Horizonte do paraiso
O beija-flor sugou o nectar
Colorido
E o mar-de-rosas
Tingiu-se de trevas
A neblina densa
Turva os corações dos herois
E acidenta as naus
Ruptura do destino

O Novo Mundo é uma ilusão
dos amantes
Que se perdem na Iris
das sereias
Condenados ao enigma do amor
Não foram os primeiros
E nem os últimos
A desejar transpor
O vazio do velho mundo.

terça-feira, janeiro 22, 2008

Desejo

As lésbias castas
Caçam na mata escura
Em arcadas estupidas
Em cama-sutra
Em gametas lascivos
O luxo, o lixo, o desconexo brio
do pólem fecundo,
segundos, eternos...
Berros
Que saem das entranhas dos vasos férteis
infinitos vermes
Que assustam a irracionalidade
Das coxas,
Das moças,
Das lésbias todas
Que se contorcem no fio
O equilíbrio vigoroso no dorso
O gosto
Da carne crua, desnuda
Tempestade de loucura
Onde gême os ventos da tortura
O beijo da prostituta.

Oraculo

Sou
O que quero ser
A tinta é minha casa
Minha casa é o meu universo
Por isso,
Sinto o que quero sentir
Desejo somente o desejável por mim mesmo

Egoísta em si
Alienado ao meu interior
Sou maior que o mundo
E tudo que o mundo criou
Sou a chave
Entre a ausência, concretude real
E a idiossincrasia fantasmagórica
Das paisagens do imaginário grego.
Sou o Eterno.

Vôo dos ventos

Num lado, o mundo real
No outro da concova, o mundo espelho
Agora desse lado, o mundo espelho
e do outro, primeiro, o mundo real
Mais o que importa
É a dialética que transporta
Meu coração ao meu amor
De um mundo para o outro
Do sensível, instinto da ignorância
Ao essencial alado baile das almas gêmeas
É nessa espiral
Que subo degrau a degrau
Até o ponto mais alto que a mente pode criar
E sorvo a brisa perfumada das conchas
Que só um Criador de mundos
Pode alçar
É essa geografia em forma de Afrodite
Que me findo em navegar
De lá para cá.

Labirinto Narcisiano

l Meu olhos como espelho d'alma Comprimido no vazio da solidão Retém no inefável O antídoto sagrado Para soltura dessa letargia Adormecido no platonismo Meu corpo vaga oco Pelos terrenos da fantasia Em busca do desencantamento Que preencha o ócio do coração Só me resta do Absoluto Decifrar a inefável epifania Que trará a luz Transcendência metafísica O altar onde repousa silenciosa a alma que findar-me-á a solidão. ll Por isso, não é bom profanar Em solo cosmogônico. O paraíso subjetivado no sensível É dor e amor mundano Ausência da verdade revelada. Quero desafiar, Ousar alçar o cume do Todo Para que o prêmio Deleitar-me com a Vênus Não torne em vão O furto fracionado de Eterno. E depois de traduzido o Paradoxo Transposto para além da matéria Como um Alquimista do verbo Degustarei um pequeno cálice do Rio Letes Que ainda reflete nos meus olhos a face do Retorno.

Rotina

A linha do tempo
Do tempo físico
Não muda
Na geografia curva
Na mente dos homens: ruptura

Progresso, desenvolvimento,
Prazeres e tradições
Iluminam o negrume
Numa luta de forças antagônicas

A terra sangra
Fertilidade.
O tempo à fecunda - o embrião da crise
A esperança
Ultíma vítima da morte
Emana taumoturgo
Dialeticamente confusa e embriagada
O Messias tardio
Numa roda teleológica.

E assim
Como o vento
Que circunda o mundo
Sem cessar
O dia retorna alimentando o tempo, dos sonhos...

Redenção



Dentro do meu carro
teço minha estrada
Ouço sua radio
Como sua voz murmurando melodias profanas
Clono você com a memória do seu perfume no meu cortex laborial
E fecho meus olhos
Porque assim vejo melhor as alamedas dos meus pansamentos:
*você ao meu ladoE sua língua correspondendo meu desejo;
*É um sonho, um delírio platônico...
Que alimenta várias formas de amar
Que rompe limites
Que transpõe-se para além do bem e do mal
Unindo o passado com o presente na ciranda do tempo.
No tempo e no espaço poético
Porque aqui nessas linhas
Como uma cama
Que nossos corpos beiram o absoluto
No toque taumoturgo da minha pena.