terça-feira, dezembro 27, 2011

Para os tolos

A dádiva
Para os alquimistas, ouro!
Para os mortais, vida eterna!
Para os amantes, alma gêmea!
Para Narciso, espelho d'água
Que reflete o céu nos olhos, desejo!
Para os tolos, a crença...
O labirinto mais escuro e complexo
Cuja saída não tem nexo discutível
Nem a luz da Razão, nem vaga-lume traça o caminho...
Essa é a oferta para os ágrafos e bárbaros
A Fé, cega! Sacrifício!
A Morte só separa o individual do coletivo
Na teleologia, quem conta a vida é o Trabalho!
Quantos gritos agonizam nos muros...
papeis, joelhos, promessas, velas...
Já naufragaram nesse mar sem fundo!
Para o Agora? Tempo!
Pois Zeus já saciou a fome titânica
E o fogo já caiu e inflamou a dúvida...
Já aqueceu a sopa Primordial,
Já derreteu o aço-ouro da guerra,
Já deu vida a História
E, por fim, Já quebrou o Espelho!

segunda-feira, dezembro 19, 2011

Olho D'água

Eu quero o seu mais profundo brilho
Do olhar cristalizado nas gotas lacrimais
Que revelam o inefável gosto...
...Soluço e agonia, voz fraca e grito roco!
Que na queda do abismo é incolor e sem prisma
Pois não luz da razão para o efeito colorido
Que dá quando a gente se vê de frente...
Sem teto, chão ou parede!
Só o ar movimentando o corpo líquido
Até ser desfazer no infinito astral...
Como um espelho que aprisiona no vício do belo
O frágil Narciso na dádiva do espiral
Que gira e entorpece os sentidos chave
De uma nova substância que nos livre dessa órbita.
Então, estará contido no rubor das vibrantes provocações
Amoral e atemporal do sorriso como o prenúncio do sol
O calor das intenções do porvir!