quinta-feira, dezembro 30, 2010

Cinzas

Caminhando pelo vapor taciturno da solidão
Recobro-me duma época anterior
Autóctone da geografia dos livres amores
E oportunidades que beiravam a loucura.


Ah! Consumir persuasivamente a atenção singular
De um cristal em pedra bruta, vontade
Que se movimenta tanto como a luz
Prisma confuso de segmentos sentimentais.

O agora é tudo que eu tinha...
E senta-se como poeira após vento...
Vento feito Saci-Perêrê ou de natureza estranha.

Quimera do arco-íris... Baú de ouro!
Ou os restos da caixa de Pandora, como
Respostas para os tolos diálogos da microfísica do amor.

domingo, dezembro 26, 2010

Pedra-padrão

O vento traz os uivos
Que anunciam a fragrância obscura
O som rancoroso domina o ambiente
No salivar estúpido das memórias póstumas.

O beijo da morte
Não eterniza minha alma condenada
Só me arrasta acorrentado na traseira da desilusão
A estática infernal dos infelizes.

Onde os restos repousam
Que não possa nascer nem daninha
Nem um oásis de rosas vermelhas.

Que se coloque uma pedra-padrão
Para os novos sentidos que passarem
Não vejam mais do que uma pedra inútil.

quarta-feira, dezembro 22, 2010

Terra Sagrada

Ah! Terra sagrada
Entumecida pelo tempo dos homens
Que rasgan sua pele desnuda
Com o trabalho de escrupulos duvidosos.

Sangras no virtuoso mar
A fúria nauseante do braços incansáveis
apaixonados e igênuos
Dos que falecem nas pernas umidas dos caminhos estreitos.

Talves o gozo extorquido ou pago
Pelos mariscos, frutas e petiscos
Possam abrandar a noite eterna.

Ou, quem sabe
Ser devorada meticulosamente
Pelos lobos de uma nova era.

Renascido

Por Zeus! como uma epifania
Renascido entre o antrax e a neblina densa
Contorcendo-se na folha da relva
O forte amplexo da quimera germinante.


É no pensar de Disign Inteligente
Que encontro luz e solo fértil, onde
A causa, a forma, o barro, a liberdade...
Dão cor e voz, razão e fragância da vida.


É na loucura do acaso dionisíaco
Onde sorvo o vinho eo éter
E seco as lágrimas da incerteza.


E, por último, irresistível
É no beijo da beleza roubada
Que teço o rubor da minha face delirante.

quarta-feira, dezembro 01, 2010

Destino dos moribundos

I

Vamos celebrar
As noites que jamais terão o vapor do amanhecer
Com o elixir da seiva das Flores do Mal
Ou com as lágrimas derramadas para os que partiram sem retorno.

Aceitar o convite encantador de Hades
Para apreciar as raizes
Dos botões de rubi plantadas pelo Arquiteto
Sarcasmo criado para os desiludidos.

Enquanto a carne se miscigena
Ao enxofre e a terra
Com uma irresistibilidade inexorável.

Sem perder o ritimo
Vamos degustar o sobrenatural açúcar das memórias
Não vividas pelo Defunto Autor.

II

E é com imensa sorte
Que festejo o banquete carnívoro
Dos vermes que se regogizam
Com a putrefates dos sonhos...

... E desejos que ainda circulam
No labirinto venoso de um moribundo
Vítima do sublime acaso
Na mais remota solidão do amor.

Ter as entranhas devoradas como Prometeu
Desse castigo eterno tenho o pedão de Chronos
E dos deuses que me inventaram efêmero.

Condenado a me apaixonar inúmeras vezes
Como Sisifo a rolar uma pedra montanha acima
Dádiva da natureza humana.