quinta-feira, janeiro 15, 2015

Amores e Porradas

Vou triturar você no Moinho de Cartola
Ou no caleidoscópio paranoico
Deixando a dor expandir
Até dilacerar a vontade do mundo representado.

As lembranças, gestos e odores
Devorados pelo ostracismo
E tudo que poderia acontecer no alvorecer do Sol radiante
Diluído em lágrimas platônicas.

Chronos está sedento por almas pequenas e tristes
Como a Solidão da natureza morta
Que perfuma a memória.

Que teimosamente materializa sua presença
Na imanência enfática do impossível
E na resistência revolucionária dos seus lábios vermelhos.

Primavera Noturna

I Infernal
O Capim de labareda floresce no cucuruco de Hades
O Ódio curva a alma do anátema
O Medo fecha todas as Janelas do Alvorecer
E o perfume de enxofre entorpece os gritos de agonia.
Mito teogônico anunciado pelo Oráculo
Feito uma estatua, tem seus membros atenazados
Nas Lágrimas de chumbo quente e derretido dos Inocentes
E, pela irônia da sua natureza, retomar-se-a taumaturgamente.
A Esperança desnuda é uma vadia embriagada
Consumida na Pandora pelas Pestes
Do anoitecer ao amanhecer.
Só a Luz da epifania geniosa
Sublevar-se-á as Rosas e o gira-sol
Do sarcasmo do Desdém a da Letargia.
II (Insano)
Ontologia das Flores-do-Mal
O Profano bebe na fonte do Sagrado a astúcia dos Iluminados
E a Cocanha é a rota dos séquitos dionisíacos
No Vale fértil do Eterno.
A arqueologia da loucura revelar-me-á
O Sol quente dos prazeres e,
Os Vasos de vinhos infinitos e Diletantes
Onde sorvo o doce néctar da Luxuria...
Na silhueta das conchas, arquitetura do Belo
Vou morrer e renascer aos gritos da Ninfas
Fardo de todas as noites de luar.
E na recusa da cosmologia dos Tolos
Vou tecer o Discurso dos Eloquentes
Num auditória de Surdo-Mudo.
III (Eloquência)
A Calmaria da águas
Expurga o naufrago na realidade dos Nexos
Entre a Escuridão e o Delirante beijo de Aphrodite
O Plexos finca o tronco na Razão.
O Silêncio consumiu minha Boca e meus Ouvidos
Cada passo é como Atlas
Cada signo uma sentença na Ordem do Discurso
Ainda assim, penso no veludo das Rosas e na Luz do gira-Sol.
Quem dera a Quimera pudesse a Utopia
Uma Estrada no horizonte do Absoluto
O Vento transportar-me ia sublimemente.
Amanhã é a promessa mais doce
em plena exposição na Vitrine do Presente
O elixir quiromante na dose da vontade Humana.