quarta-feira, dezembro 01, 2010

Destino dos moribundos

I

Vamos celebrar
As noites que jamais terão o vapor do amanhecer
Com o elixir da seiva das Flores do Mal
Ou com as lágrimas derramadas para os que partiram sem retorno.

Aceitar o convite encantador de Hades
Para apreciar as raizes
Dos botões de rubi plantadas pelo Arquiteto
Sarcasmo criado para os desiludidos.

Enquanto a carne se miscigena
Ao enxofre e a terra
Com uma irresistibilidade inexorável.

Sem perder o ritimo
Vamos degustar o sobrenatural açúcar das memórias
Não vividas pelo Defunto Autor.

II

E é com imensa sorte
Que festejo o banquete carnívoro
Dos vermes que se regogizam
Com a putrefates dos sonhos...

... E desejos que ainda circulam
No labirinto venoso de um moribundo
Vítima do sublime acaso
Na mais remota solidão do amor.

Ter as entranhas devoradas como Prometeu
Desse castigo eterno tenho o pedão de Chronos
E dos deuses que me inventaram efêmero.

Condenado a me apaixonar inúmeras vezes
Como Sisifo a rolar uma pedra montanha acima
Dádiva da natureza humana.






Um comentário:

Manoela disse...

Esse poema é simplesmente maravilhoso, perfeito. Não resta dúvidas que você é realmente um poeta.